Estudo revela que cerca de 53% das crianças e adolescentes diagnosticados com TEA sofrem de seletividade alimentar
Dra. Elisabeth Crepaldi de Almeida explica o que é seletividade alimentar em crianças e adolescentes e a importância de implementar um plano alimentar
Uma pesquisa divulgada na Revista da Associação Brasileira de Nutrição (Rasbran) revelou que 53,4% das crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) sofrem de seletividade alimentar. Essa condição afeta diretamente a qualidade de vida e a nutrição das crianças. Segundo a fonoaudióloga, analista do comportamento ABA e fundadora da Interclínicas Centro do Autismo, Dra. Elizabeth Crepaldi de Almeida, há diversos fatores que contribuem para o comportamento e pequenas ações do dia a dia podem transformar o momento das refeições em uma experiência mais positiva.
De acordo com a especialista, a seletividade alimentar vai muito além de uma simples recusa da criança. “No universo do autismo, o momento da alimentação pode se tornar um desafio sensorial e emocional. Muitas vezes, a criança não rejeita o alimento em si, mas os estímulos que o acompanham como textura, cheiro, cor e temperatura”, explica Dra. Elizabeth Crepaldi de Almeida.
Esse estudo ainda indica que fatores sensoriais são as principais causas da seletividade alimentar, seguidos pela necessidade de rotinas previsíveis e por comorbidades associadas, como ansiedade e problemas gastrointestinais. “As crianças autistas vivem o mundo de forma intensamente sensorial. Algo que parece comum para outros, como o toque de uma colher ou o cheiro de uma fruta, pode gerar desconforto real para elas. Mudar o formato, o sabor ou a marca de um alimento pode gerar angústia e resistência. Por isso, é importante respeitar o tempo de cada criança, oferecendo novas opções de forma gradual e sem pressão”.
A intervenção deve ser feita de maneira multidisciplinar, envolvendo fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, nutricionistas e psicólogos. O trabalho conjunto permite compreender não apenas o comportamento alimentar, mas todo o contexto sensorial e emocional da criança.
“Uma das estratégias mais eficazes é transformar o ato de comer em um momento prazeroso. Nas sessões terapêuticas, trabalhamos com atividades lúdicas que aproximam a criança do alimento. Brincadeiras com frutas, preparo de receitas simples e jogos sensoriais ajudam a criar uma relação positiva com a comida”, explica.
A especialista reforça ainda que os pais têm papel essencial nesse processo. “É importante que o ambiente familiar seja acolhedor e sem cobranças. A refeição deve ser um momento de conexão, e não de estresse. Quando a criança se sente segura, ela se abre naturalmente para experimentar novos sabores. A seletividade alimentar pode levar a deficiências nutricionais, afetando o crescimento, a imunidade e até o comportamento. Os pais não podem forçar a alimentação, mas criar oportunidades para que a criança construa novas experiências alimentares de forma positiva”.
Interclínicas
A Interclínicas é referência em cuidado especializado e humanizado para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras condições. Com uma abordagem centrada na família, a clínica oferece serviços integrados que promovem bem-estar, desenvolvimento e inclusão. Ao todo, são seis unidades pelo Brasil. Para mais informações, acesse https://interclinicasautismo.com.br/