Para o psicanalista Nickson Gabriel, criador do Jogo da Vida, o ponto central dos dois jogos – Jogo da Vida e Big Brother Brasil – é o desejo de ser aceito e amado
A autenticidade tem feito Julliete, do BBB21, conquistar recordes de curtidas nas redes sociais. Além de ser a possível fórmula pra ganhar o reality, qualquer semelhança com a vida real não é somente coincidência. Para o psicanalista e especialista em jogos de autoconhecimento Nickson Gabriel, criador da metodologia O Jogo da Vida, o ponto central dos dois jogos – o da vida e o BBB – é o desejo de ser aceito e amado. E mais: assistir ao BBB21 prestando atenção nas emoções que o programa desperta pode ser um grande exercício de autoconhecimento.
Nickson explica que se alguma coisa te incomoda muito, um defeito de algum participante por exemplo, é porque provavelmente tem algo disso também em você. “Observe os participantes que mais te incomodam e ali você encontrará um laboratório de autoanálise. O peso do julgamento que impomos ao outro é o mesmo peso do autojulgamento que carregamos”, afirma.
Para quem pretende se candidatar à próxima edição do Big Brother, a dica valiosa para vencer é buscar a autenticidade – dica que vale também para o jogo da vida real. “Se observar, os vencedores são sempre aqueles que se aproximam mais de ser eles mesmos, ainda que cometendo erros. As máscaras não colam tanto como antigamente. Os novos astros, a exemplo de muitos youtubers, revelam seu brilho não através de estratégias e formas eloquentes de se comunicar e sim pela naturalidade e pela espontaneidade”, explica.
O terapeuta explica que toda criança nasce com o desejo de ser amada e de pertencer e que, em algum momento, esse desejo não é atendido. Quando isso acontece, a criança acredita que tem algo de errado com ela. “Ela idealiza, inconscientemente, que se for perfeita, dentro daquilo que ela imagina que os pais esperam dela, ela finalmente será amada e essa dor sanada. Cada um projeta para si esse “eu idealizado”, ressalta.
É nesse momento que nascem as máscaras, que a espontaneidade se perde, e a personalidade vai sendo tomada por estruturas mais rígidas e performáticas. “As máscaras vem para o campo, já que o papel da máscara é esse. Agradar e pertencer”, esclarece. Tudo isso pode ser visto também no BBB, nos desejos, medos e frustrações de seus participantes.
Assim como na vida, não há estratégia que faça um jogador ganhar o BBB, pelo menos não durante o programa. O que conta é o caminho de transformação pessoal de cada um na vida. “O verdadeiro jogo é interior. É a coragem de sentir, de encarar nossas feridas, observar nossas estruturas internas e perceber que o que realmente preenche é o reencontro da nossa espontaneidade, capacidade de doação e gratidão”.
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